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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Gravidez na adolescência


O número de grávidas adolescentes no país caiu nos últimos anos. A conclusão é do relatório sobre nascimentos divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde. No entanto, a fecundidade do país ainda é considerada precoce. Só para ter uma ideia, meninas com idade entre 15 e 19 anos ainda são responsáveis por quase 20% dos partos realizados por aqui. Pensando nisso, o site do Bebê preparou um dossiê para essa menina: o que está acontecendo no seu corpo, como lidar com tantas emoções, como será sua vida depois da chegada do bebê... 

O que acontece com o corpo da adolescente grávida


1. O número de adolescentes grávidas diminuiu no Brasil?
“Sim, a quantidade de adolescentes grávidas tem diminuído, mas, ainda assim, o número de partos é muito alto. No Amparo Maternal, fazemos 800 partos por mês e um terço deles é em adolescentes. Ou seja, todos os meses, cerca de 250 meninas com menos de 19 anos dão à luz aqui”, observa Eder Viana de Souza, obstetra do hospital Santa Catarina, de São Paulo. Eliane Terezinha Rocha Mendes, ginecologista e coordenadora médica do Hospital Estadual Mário Covas de Santo André (SP), completa: “A gravidez na adolescência está relacionada a fatores como baixa autoestima, dificuldade escolar, abuso de álcool e drogas, comunicação familiar escassa, conflitos familiares, pai ausente ou rejeitador, violência física, psicológica e sexual e rejeição familiar pela atividade sexual”.


2. Existe alguma vantagem na gestação de uma adolescente?
“Considerando que a adolescência vai até os 19 anos, não há nenhuma vantagem do ponto de vista médico. Os ossos da bacia não estão bem formados, o que dificulta a passagem do bebê. Além disso, existe a imaturidade comportamental. É difícil que as mães adolescentes façam o pré-natal de maneira correta e responsável. Em resumo, podemos apontar principalmente desvantagens em uma gravidez tão precoce. A única vantagem seria o fato de a adolescente ser muito fértil”, explica Alexandre Pupo, ginecologista do hospital Sírio Libanês, de São Paulo. “Alguns autores sustentam a ideia de que a gravidez pode ser bem tolerada pelas adolescentes desde que elas recebam assistência pré-natal adequada, ou seja, precocemente e de forma regular, durante todo o período gestacional. Isso nem sempre acontece, devido a vários fatores, que vão desde a dificuldade de reconhecimento e aceitação da gestação pela jovem até a dificuldade para o agendamento da consulta inicial do pré-natal. A meu ver, não existe vantagem da gestação na adolescência”, completa Eliane.


3. Quais são os perigos de uma gravidez na adolescência? Elas têm mais chance de ter um parto prematuro?
“A gravidez na adolescência gera impacto físico, emocional, familiar e social. Do ponto de vista médico, existe maior chance de parto prematuro, além de baixo peso ao nascer. Comparada a uma adulta, a adolescente tem maior incidência de anemia e infecção urinária ao longo da gestação”, alerta Eduardo Zlotnik, obstetra do hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Além desses, Eliane Terezinha Rocha Mendes, ginecologista do Hospital Estadual Mário Covas, conta que essas meninas podem ter problemas relacionados a pressão arterial, complicações no parto, como lesões no canal do parto e hemorragias, o bebê pode ter sofrimento fetal e elas costumam ter ainda dificuldade para amamentar e maior incidência de infecções, especialmente no endométrio.
Para Alexandre Pupo, ginecologista do hospital Sírio Libanês, de São Paulo, a dificuldade está em conseguir o comprometimento das pacientes: “São mulheres ainda meninas. É difícil que assumam o compromisso de fazer o pré-natal direitinho. A maioria não tem responsabilidade. Pedimos exames e elas não fazem, tentamos controlar a alimentação e elas engordam muito além do planejado, faltam às consultas. Além disso, outro problema grave é quanto à imaturidade do corpo, que ainda não está pronto – o fato de a menina menstruar não significa que o corpo esteja preparado para uma gravidez. Existem órgãos que ainda estão em desenvolvimento, como o útero. Uma das consequências dessa imaturidade é que o parto normalmente precisa ser cesariano porque os ossos são muito estreitos”.


4. Adolescentes grávidas precisam de cuidados especiais ou são os mesmos de qualquer gravidez?
“A gravidez na adolescência deve ser considerada uma gravidez de risco. Deve ser atendida por uma equipe multidisciplinar, composta de obstetra, psicóloga, assistente social e outras especialidades quando se faz necessário”, indica a ginecologista Eliane Terezinha Rocha Mendes, do hospital Mário Covas. Alexandre Pupo, ginecologista do hospital Sírio Libanês, enfatiza a importância de a adolescente ter acompanhamento psicológico, “principalmente para manter a paciente na linha”.


5. O que muda no corpo de uma menina que teve uma gravidez aos 16 anos?
“As mudanças no corpo são as mesmas de uma mulher adulta, porém as marcas que ficam costumam ter maior impacto na adolescente. Marcas como espinhas, estrias e dificuldade de voltar ao peso habitual. Existe o impacto de sobrecarregar um corpo ainda em crescimento, o que poderia justificar, por exemplo, menor peso do recém-nascido. Porém ainda não se mostrou a relação entre causa e efeito em todas as gestantes”, alerta Eduardo Zlotnik, obstetra do hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. O aparecimento de estrias é realmente preocupante, como explica Alexandre Pupo, ginecologista do hospital Sírio Libanês: “A pele da adolescente é mais firme do que a de uma mulher de 30 anos, por exemplo, por isso a pele rasga mesmo enquanto a barriga e as mamas crescem. Além das estrias, que são para sempre, muda também a distribuição de gordura no corpo e os mamilos escurecem e não voltam ao que eram”.


6. Quem cuida da criança quando ela nasce?
“Na grande maioria dos casos, depois que o bebê nasce, quem cuida são os pais da menina (a mãe)”, informa o obstetra Eder Viana de Souza, do hospital Santa Catarina, de São Paulo


7. As meninas que engravidam durante a adolescência param de estudar?
“Posso falar sobre a minha impressão pessoal graças ao contato com essas adolescentes no Amparo Maternal e no consultório particular. As pacientes do consultório, que são das classes A e B, continuam estudando porque a família normalmente apoia. As meninas de classes mais baixas param de estudar e muitas já nem estudam mais quando engravidam”, conta Eder Viana de Souza, obstetra do hospital Santa Catarina, de São Paulo.


8. Hoje em dia os adolescentes – meninos e meninas – têm acesso à informação. Por que continuam tendo filhos tão cedo?
“Existem fatores próprios da idade, como enfrentamento e rebeldia, que são normais na adolescência. Além disso, eles têm mais informações sobre prevenção, mas, na mesma medida, têm mais informações sobre sexo. Eu diria que o adolescente de hoje é mais precoce na atividade sexual e isso desencadeia outros fatores”, diagnostica o obstetra Eder Viana de Souza, do hospital Santa Catarina. Para Alexandre Pupo, ginecologista do hospital Sírio Libanês, a gravidez na adolescência está, muitas vezes, ligada a questões sociais: “Para algumas meninas, engravidar é uma fuga, pois elas saem da casa dos pais. Para outras, dá status. Ela é promovida de menina a mulher, ganha responsabilidades de dona e casa e, consequentemente, mais respeito”.


9. Adolescente grávida precisa de acompanhamento psicológico?
“O acompanhamento psicológico é importante para qualquer gestante, mas no caso da adolescente é necessário, pois a gravidez muda o destino dela. É uma gravidez indesejada – na maioria dos casos – e traz muitas sequelas, como punição dentro de casa, o grupo de amigos se afasta, elas correm mais risco de ter doenças sexualmente transmissíveis e o pré-natal já começa tarde porque elas escondem enquanto podem. Já tive, inclusive, uma paciente que deu à luz e a mãe dela nem sabia que a menina estava grávida”, relata o obstetra Eder Viana de Souza, do hospital Santa Catarina, de São Paulo.


10. O que o governo, as escolas e a sociedade deveriam fazer para diminuir o número de grávidas adolescentes?
“Muito. A sociedade tem de trabalhar juntamente com as escolas e educar, buscando novas formas de atingir o jovem. Não apenas fazê-los receber as mensagens ou ter conhecimento, mas assumir as responsabilidades próprias da expressão da sexualidade de cada um, em cada idade. O governo tem estimulado os programas de saúde da família a enfrentar esse problema como uma de suas prioridades”, analisa Eduardo Zlotnik, obstetra do hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Eder Viana de Souza, obstetra do hospital Santa Catarina, de São Paulo, diz que a orientação nas escolas é feita, normalmente, por meio de palestras, mas isso não é suficiente. “É muito pouco. As escolas deveriam ter um médico lá dentro, orientando no dia a dia, falando sobre como se prevenir, o que fazer, o que não fazer”, completa.


Como fica o psicológico de uma adolescente grávida




1. O que muda na vida de uma menina que engravida na adolescência?
“A gravidez na adolescência acarreta várias mudanças do ponto de vista individual, familiar e social. Ao engravidar, a adolescente terá a dupla tarefa de lidar com as transformações próprias da sua adolescência e as da maternidade, assumindo responsabilidades e papéis de adulta antes da hora. Isso representa uma sobrecarga física e emocional. É um período de difícil processo de adaptação a uma situação imprevista e inesperada”, explica Márcia Rios Ferreira Perigo, psicóloga do Programa de Assistência Médica e Psicológica à Mulher Adolescente da Faculdade de Medicina do ABC.


2. Muda a vida escolar?
A psicóloga Márcia Rios Ferreira Perigo explica que muda, sim. “A adolescência é a fase em que a pessoa se encontra – ou deveria se encontrar – no processo de formação escolar e de preparação para o mundo de trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase significa o atraso ou até mesmo a interrupção desse processo. A maternidade precoce está relacionada ao abandono escolar, às restrições das opções de vida, das oportunidades de inserção no mercado de trabalho. Quanto menos escolarizada e qualificada for a mão de obra, menores são as chances de sua inserção no competitivo mercado de trabalho.” Anna Chiesa, consultora da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e professora do Departamento de Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, completa: “A gravidez costuma afetar, sim, a vida escolar. Porém é bom lembrar que, em muitos casos, a gravidez acontece depois que a menina abandonou os estudos, ou seja, ela não é necessariamente a causa da evasão escolar”.
 
 
3. É comum que meninas que nasceram quando as mães eram muito novas repitam o comportamento?
“Sim, é bastante frequente que filhas de mães adolescentes sejam também mães adolescentes. A justificativa psicológica se apoia em uma tentativa de poder compreender a sua história pela repetição do evento”, explica Ana Merzel, psicóloga do hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. A psicóloga Márcia Rios Ferreira Perigo concorda e acrescenta: “A família é o primeiro grupo de referência do indivíduo, sendo responsável por manter e reforçar padrões de comportamentos. As adolescentes se subordinam às influências familiares no qual estão inseridas. As adolescentes repetem padrões de comportamento de suas mães ou de algum parente muito próximo”.


4. A gravidez na adolescência sempre foi considerada um problema?
“É preciso compreender que a adolescência é um fenômeno social contemporâneo. Em outros períodos históricos, as mulheres se casavam a partir do momento que menstruavam e já iniciavam a vida reprodutiva desde cedo sem que isso fosse alarmante. Porém a sociedade muda, seus conceitos e preconceitos também mudam, e comportamentos que eram aceitos passam a não se encaixar mais na realidade e podem se transformar em problemas. É interessante lembrar que, na época em que a gravidez na adolescência não era motivo de preocupação, ser “mãe solteira” era considerado um problema muito grave. Hoje, ocorre o inverso. Ou seja, tem uma dimensão social que precisa ser focada. Outra coisa que também deve ser levada em consideração é que há muita diferença se a gravidez ocorre antes dos 15 anos ou entre 16 e 19 anos. Ser uma gestante aos 12 anos não é igual a engravidar aos 18 anos”, explica Anna Chiesa, consultora da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e professora do Departamento de Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. 


5. Uma menina tem condições de educar uma criança?
Ana Merzel, psicóloga do hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, explica que, “se entendermos educação como tudo que envolve o cuidado de um filho, desde a atenção a todas as necessidades fisiológicas e emocionais, penso que nessa idade ela teria que fazer um esforço extra para dar conta de todas as demandas. Isso porque ela também está terminando parte do seu próprio ciclo de desenvolvimento e amadurecimento psíquico. O adolescente ser a pessoa 100% responsável por prover todo este cuidado é uma tarefa que exige muito de alguém que também está em uma fase de transição”. Na mesma linha, Márcia Rios Ferreira Perigo, psicóloga do Programa de Assistência Médica e Psicológica à Mulher Adolescente da Faculdade de Medicina do ABC, salienta que “a adolescente ainda não está com sua capacidade de tomar decisões. A vinda de uma criança de uma maneira inesperada gera uma alteração radical em sua vida, deixando de realizar ou adiantando o processo de amadurecimento, tendo que assumir compromissos para os quais ainda não está preparada. Nesse contexto, percebe-se que as crianças filhas de mães adolescentes recebem cuidados de todo o núcleo familiar em que a mãe se insere porque, muitas vezes, a adolescente não consegue desenvolver sozinha os cuidados e a adaptação à nova vida e ao novo ser”. Anna Chiesa, do Departamento de Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, alerta que o cuidado de uma criança não é uma responsabilidade somente da mãe: “Uma menina de 16 anos sozinha não tem condições de educar uma criança, mas nenhuma mãe sozinha tem. Educar uma criança é uma tarefa complexa, que deve ser compartilhada por muitos, a começar pelo pai, pela família dos pais, pelos amigos e por toda a rede social”.


6. É comum que as mães culpem os filhos pelas coisas que não podem fazer, já que engravidaram muito cedo?
“Muitas vezes, os adolescentes acreditam que os pais deveriam ser corresponsáveis e coparticipantes no processo de criação dos netos. Como qualquer adolescente, acha que com ele nada irá acontecer ou tudo acontecerá de uma maneira diferente. É importante que se converse com o adolescente sobre que tipo de ajuda poderá oferecer e quais as responsabilidades de cada um e como e quando poderá oferecer auxílio no cuidado dos netos”, ensina Ana Merzel, psicóloga do hospital Israelita Albert Einstein. Anna Chiesa, do Departamento de Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, acrescenta: “Essa culpabilização dos filhos não é específica de adolescentes. Infelizmente, presenciamos a terceirização do cuidado em diversos segmentos sociais e gerações distintas. Para criar um filho, a mãe precisa abrir espaço em sua vida, o que representa deixar de fazer uma série de atividades que eram desempenhadas antes. Isso acontece independentemente da idade da gestante. O que é necessário é que a mãe entenda o quanto pode ser prazeroso e enriquecedor cuidar do filho pequeno, acompanhar suas conquistas e fazer parte da sua vida, em vez de considerar o cuidado somente como dever”.


7. O que os pais podem fazer para evitar uma gravidez precoce?
A psicóloga Ana Merzel garante que “a melhor alternativa ainda é a informação e a prevenção. É importante a adolescente ir ao médico, conversar em casa e conhecer as implicações de uma gravidez precoce”. No entanto, essa abertura para o diálogo tem de ser construída na família muito antes da adolescência, de acordo com Anna Chiesa. “Manter uma atitude de diálogo, proximidade, esclarecimento e amorosidade na família é um elemento muito importante para enfrentar qualquer crise. Essa disposição de diálogo e convivência deve se estender também aos amigos e colegas dos filhos, de modo a transmitir valores que ajudam a estabelecer os limites.”


8. Existe um comportamento nas classes mais baixas, chamado síndrome de Juno: para os meninos, ser pai significa virar homem. Para as meninas, dá status e respeito. Isso acontece mesmo?
“No caso das meninas, o status não deriva diretamente da maternidade, mas ela pode adquirir o status do pai do bebê. Quando o pai é alguma liderança da comunidade, essa imagem acaba passando para a menina, pelo prestígio positivo ou negativo”, esclarece Anna Chiesa, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, de São Paulo.


 Números

- 484.800 partos foram realizados na rede pública em meninas entre 10 e 19 anos no Brasil em 2009

- 34,6% foi quanto caiu a gravidez de adolescentes nos últimos nove anos

- 8,4 milhões de alunos recebem preservativos gratuitamente em 608 municípios brasileiros

- 9050 pessoas participam da comunidade Mães Adolescentes - Gravidez no Orkut

- 3,3 milhões de reais foi o que o Ministério da Saúde investiu em ações de educação sexual e reforço na oferta de preservativos aos jovens em 2009

- 250 meninas com menos de 19 anos dão à luz todos os meses no Amparo Maternal, em São Paulo

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