1. O que pode ser considerado uma reação alérgica?
“Uma reação alérgica é aquela que acontece quando o sistema imunológico reage de forma exagerada a alguma substância com que o organismo entrou em contato”, define Fabíola Suano, pediatra especialista em Nutrição Infantil e Diretora Científica do Instituto Girassol. Isso pode acontecer por meio de bolinhas vermelhas na pele, espirros ou até mesmo dificuldade para respirar.
Apenas o médico é capaz de identificar essa diferença. Para Christiana Alonso Moron, mestre e doutora em dermatologia pela Universidade de São Paulo, um bebê não tem o sistema imunológico pronto, por isso é difícil entender a reação a um produto como uma alergia. Em geral, o que existe é uma irritação, que deixa a pele bastante vermelha e, em alguns casos, podem aparecer até mesmo bolinhas de água.
Já a alergia costuma ser comum em crianças que já apresentam outros problemas, como a bronquite e a asma. Há ainda o peso da herança familiar, ou seja, se a mãe ou o pai têm algum tipo de alergia (respiratória ou alimentar), as chances de o pequeno apresentá-la também são grandes. Além disso, nem sempre a resposta alérgica é imediata. “A criança pode, por exemplo, comer um alimento infinitas vezes e com o tempo ir incomodando o seu organismo até que ele se manifeste”, afirma Christiana Alonso.
3. Quais são os produtos que mais causam alergia nas crianças?
Produtos de higiene pessoal, como sabonete e xampu, de limpeza pesada e aqueles com corantes são os mais famosos. “Portanto, pacientes com rinite ou asma têm que evitar produtos com cheiro ou cores fortes”, defende Kátia Valverde, pediatra e alergista do Hospital Samaritano de São Paulo. “A borracha e o níquel, substâncias encontradas nas bijuterias, também costumam causar bastante alergia. Por isso, é bom evitar esses artigos entre as meninas pequenas”, lembra Christiana Alonso Moron.
Os ácaros, presentes nos carpetes e nas cortinas, pelos de animais e o pólen das plantas também entram na lista dos itens que levam às reações alérgicas.
4. E os alimentos?
Os alimentos considerados mais alergênicos – e responsáveis por 90% dos casos –, segundo a publicação americana Current Opinion in Pediatrics, são o leite de vaca, o ovo, a soja, o trigo, o amendoim, as nozes, os peixes e os mariscos. Entre eles, o mais preocupante é o leite, que costuma ser frequente no cardápio infantil. É claro que a resposta depende de outros fatores e, entre eles, está a predisposição genética para o problema e como os alimentos foram introduzidos na rotina da criança. “Sabemos que oferecer alimentos ao bebê muito cedo é um importante fator desencadeante de alergia”, lembra Kátia Valverde.
“Podem aparecer sintomas até duas horas depois da ingestão”, explica Fabíola Suano, pediatra especialista em nutrição infantil e diretora científica do Instituto Girassol. Os mais comuns são a coceira e a vermelhidão. No entanto, algumas pessoas podem ter dificuldade para respirar, causada pelo chamado edema de glote, e queda de pressão. Nesses casos, é importante procurar o pediatra o mais rápido possível.
6. É comuns crianças apresentarem reações alérgicas?
“Cerca de 5 a 6% das crianças menores de 3 anos têm alergia a algum alimento, o mais comum (80%) é o leite de vaca”, explica a pediatra Fabíola Suano. Os asmáticos têm mais riscos ainda de desenvolver o problema. “Com relação à rinite alérgica, ela acomete quase 20% da população geral no Brasil, sendo 33,4% crianças e 34% adolescentes”, completa Kátia Valverde.
7. Quais são os primeiros sinais de alergias de pele?
“Coceira e formação de placas avermelhadas e, às vezes, inchaço”, esclarece Kátia Valverde.
8. É verdade que uma criança pode ter alergia a fraldas?
Não é uma alergia, mas uma irritação. Nesse caso, a causadora do problema é a amônia, substância presente na urina e que agride a pele delicada do bebê. “Essa dermatite é bem vermelha”, explica Christiana Alonso Moron. Em alguns casos, ela ainda pode vir ladeada por bolinhas. Daí, o mais indicado é conversar com o pediatra para ver a melhor maneira de tratá-la.
9. As famosas brotoejas são um sinal de alergia ou de irritação de um produto?
Não. “A brotoeja é causada por uma imaturidade das glândulas da criança, que não conseguem excretar todo o suor que o bebê produz. Esse excesso acaba se depositando numa camada mais profunda da pele e é isso que causa as bolinhas vermelhas”, explica a dermatologista. O problema aparece quando, por algum motivo, o bebê sua demais, seja porque foi excessivamente agasalhado, seja porque viajou para um lugar onde a temperatura está mais quente. Além disso, produtos que colaboram para a oleosidade da pele ou muito cremosos podem levar ao problema. Daí a importância de aplicar cremes, protetores solares e outros cosméticos específicos para crianças e para cada tipo de pele.
10. Existe algum tratamento para acabar com uma alergia?
“A alergia, seja ela qual for, é considerada uma doença crônica, portanto, ela não acaba, não tem cura, e sim controle”, aconselha Kátia Valverde. E o controle é simples: mantendo a higiene do ambiente e evitando os alimentos campeões de alergia entre as crianças. Em alguns casos, é preciso lançar mão de medicações específicas. “Não há nenhum remédio, vacina ou coisa parecida que acabe com a alergia”, completa a pediatra Fabíola Suano.
No caso dos alimentos, a criança pode criar tolerância com o passar dos anos. “Cerca de 85% dos alérgicos ao leite de vaca saram por volta dos 3 anos de idade. Já crianças alérgicas ao ovo podem melhorar somente na idade escolar”, explica a diretora científica do Instituto Girassol. Já alérgicos a frutos do mar ou amendoim podem nunca melhorar.
12. Quando é a hora de correr para o hospital?
Quando a reação é resistente e não passa. “E, se junto aos outros sinais de alergia e irritação, for notado um inchaço na pele e na face”, alerta a dematologista Christiana Alonso Moron.
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